sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Serpente


Carrego em minha boca
o veneno da serpente,
que me escorre pela garganta
acumulado entre os dentes.

Tenho nas entranhas um misto de
sentimentos, a ira da víbora
que desliza em segredos, traiçoeira
e escondida aguardando meus desejos.

Carrego em meu peito
uma naja enrolada,
do lado esquerdo ela me prende,
do outro ela me abraça.

Controlando-a
a cada dia que se passa,
não deixando seu veneno
ultrapassar minha couraça.

E vou mantendo esta serpente...
não deixando o seu veneno se
destilar em minha mente.


Leni Martins

Ressurgirei ...



Ressurgirei das cinzas
num leve sobro do vento,
de alma lavada,
intacta...
de onde estou há muito tempo.

Nos porões da minha saudade,
mantenho-me em cativeiro,
juntando os meus pedaços
que um dia foi inteiro.

Ressurgirei com a força
de um guerreiro...
Deixando minha fraqueza no passado
e todo meu medo.

Abrirei meu peito num suspiro
profundo,
renascendo para vida,
deixando penetrar em minha alma
toda luz que há no mundo

Ressurgirei deste casulo
como as borboletas nascem depois
de muito tempo no escuro, no esplendor
de suas cores batem asas pro futuro.

Renascerei...
Ressurgirei de toda dor contida...
Em meio aos jardins, serei uma
flor ainda não colhida,
orvalhada pelo sereno da madrugada que
se finda.

Em meio às constelações serei
uma estrela expressiva
que ofuscará repentinamente
lampejos em tua retina.


Leni Martins

Maldito espelho


Oh... maldito espelho,
Eu lhe odeio,
Ódio esse que jamais tive,
Por algo ou alguém nessa vida.

Tu que vives a me hipnotizar,
Mostrando-me minha face,
Meu olhar profundo e distante,
De lamentos e pesares

.Oh... quantas vezes já chorei à sua frente,
Quantas vezes conversei contigo,
Na tentativa frustrada de afastar o silêncio,
E amenizar a solidão,

Mas por quê ?
Por que me enganas ?
Oh MALDITO ESPELHO,
Mostra-me quem sou de verdade....

Caso contrário, quebro-te,
E minha face para sempre ocultarei.

Tormento



O tormento da vida que não é vivida.
A dor da falsa alegria e a agonia da solidão,
são partes de mim ou é tudo que sou?

O tormento da existencia sem vida.
O sofrimento de uma vida sem motivação,
de um falso prazer e da agonia de não viver.

O Tormento da esperança de algum dia viver.
A vida que não se vai e que nunca chega.
O amor de contos de fadas,a discordia da vida.
A vida sem vida ou a morte em vida?
Este é o meu tormento...
O tormento da vida que não é vivida.

Vivo-morto , morto-vivo


Noite quente de verão,caminho perdido na imensidão da noite .
Minha mente vaga pela escuridão.
Dando forma aos meus pesadelos.
Dando forma as minhas inseguranças.
Dando forma aos meus anseios e desejos.
A noite esta quente e eu frio como como gelo.
Perdido dentro do labirinto da minha mente,
tentando escapar de uma prisão que eu mesmo criei.
Não sei mais o que é real ou ilusão.
Nem ao menos sei se estou vivo ou morto...
Talvez um morto-vivo?
Sem destino.
Sem motivação.
Sem esperança.
Sem desejos.
Cansado demais,até mesmo para desistir.
Sim eu vivo,vivo como
...Um Vivo-morto , morto-vivo.

Fera


Sou fera enjaulada,
em pele de cordeiro,
ando de um lado pro outro
tentando escapar do cativeiro.

Sou fera ferida ,
pelas chibatadas da vida,
enclausurada me alimento
das minhas próprias feridas.

Sou fera trancafiada numa cela,
rodando em passos lentos,
rosnando pela liberdade e criando
mais ódio por dentro.

Sou fera que finge ser domada,
ligeira e traiçoeira, aguardando
o momento certo para atacar a presa.

Sou fera trancafiada por grades que me dominam
tenho sede de vingança,
por ter tido esta sina.

Sou fera felina
esperando o momento exato!
com minha pele de cordeiro
vou acabar com este carrasco.


Leni Martins

Baile de Máscaras



Bem - vindo ao baile de máscaras da vida.
Só entra no baile aquele que máscara utiliza.

Máscara de aço, aquele que se faz de forte
porque é fraco.

Máscara de palhaço, aquele que é triste e se faz
de engraçado....

Máscara com purpurina, .aquele que se faz de frágil
porque a fúria o domina

No baile de máscaras da vida a noite não termina...
bailamos sem nos conhecermos
em cada passo, em cada esquina.

No bailar de cada dia as máscaras se misturam
na mais pura covardia, acobertando os medos,
mascarando uma mentira.

O baile nunca termina...
mostra-me a tua face
que te mostrarei a minha,
convido-te a usar a máscara cristalina.


Leni Martins...





Odeio mentiras , e fingimentos então quando li este , amei. Dedico esta postagem a varias pessoas( os nomes dos individuos não vou falar).

Existência vazia


Tão vazia é minha existência.
Na penunbra da noite vago sem rumo,
na luz do dia durmo acordado.
Existência sem vida e corpo sem alma.
Fúnebre é minha aparência...
Gelada é minha alma e ainda sim vivo?
Cercado por muitos e ainda sim só...
Sempre só.
Às vezes vejo minha vida como um
filme de expressionismo alemão...
Sombrio,sem cor e sem vida.
Caminho perdido nos arabescos
pintados pelo destinho,enquanto
minha mente fica presa nos
arabescos que eu mesmo pintei.
Corpo sem espírito,mente sem
motivação e ainda sim vivo?

Solidão



Solidão é espaço vago no coração,
não tem fundo, nos afunda no abismo
da escuridão, é vazio cheio de despeito,
um buraco no peito, um deserto de amplidão.

Solidão é um silêncio medonho,
do tamanho do próprio ser, que enche
a alma muitas vezes sem um porquê.

Solidão é como um navio
sem um porto para ancorar, que navega
sem rumo, perdido em alto mar.

Solidão é caminhar conversando com
própria sombra refletida, e na loucura
de cada passo pensar que esta sombra
tem vida.

Solidão é chuva fina em dias de frio,
é observar da vidraça os pingos caindo
até se formarem um rio.

Solidão não tem chão,
não tem fundo,
é buraco profundo
criado no coração.

Solidão é flor sem perfume,
céu sem estrelas,
mar sem ondas,
noite sem luar,
é rastro desmanchado pelo vento
um pássaro que já não pode
mais voar.


Leni Martins

Cálice de veneno




Envenenarei minha saudade
Com um cálice de amargo fel
para matar esta saudade que
descrevo em um pedaço de papel.

Envenenarei minhas lembranças
com um cálice transbordando
de esperanças para que morram
esperando no tempo e na distância.

Envenenarei minha dor
com um cálice de doce veneno
para aliviar o sofrimento que habita
em meu peito.

Envenenarei o amor que sinto
em um cálice de vinho tinto
brindando a morte de um sentimento
que há muito vem me ferindo.

Brindemos ...cálice de veneno,
mato a mim mesmo,
envenenando estes sentimentos.


Leni Martins

A Conquista do Vampiro



Vejo você, sentada, quieta e raramente olha para os lados.
Está em seu mundo.
Completamente do jeito que gosto.
Aproximo aos poucos.
Sou discreto.
Peço um favor. Nada demais. Digo algo apenas para ter a sua atenção.
Geralmente sou atendido e você já está olhando em meus olhos.
Falo por eles, mas você jura que estou falando com a boca.
Você ouve tudo que quer ouvir... O assunto é sempre você, neste momento, só você importa.
Você mostra as partes do livro da sua vida que interessam, mas na verdade, estou te lendo completamente.
Diz os seus desejos, eu mostro que sou um deles e que também sou o portal do mundo que realmente quer. Irresistível, sedutor, amigo, companheiro.
Finalmente você me abraça e me leva.
Faço você acreditar nisso.
Adoro fazer pensar que está no poder, que tem tudo em suas mãos.
Adoro quando você diz que me quer para sempre. Mesmo sabendo que o para sempre termina de manhã.
Pode ter certeza de uma coisa...
Nunca vou te esquecer.


Autor Adriano Siqueira