sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Solidão



Solidão é espaço vago no coração,
não tem fundo, nos afunda no abismo
da escuridão, é vazio cheio de despeito,
um buraco no peito, um deserto de amplidão.

Solidão é um silêncio medonho,
do tamanho do próprio ser, que enche
a alma muitas vezes sem um porquê.

Solidão é como um navio
sem um porto para ancorar, que navega
sem rumo, perdido em alto mar.

Solidão é caminhar conversando com
própria sombra refletida, e na loucura
de cada passo pensar que esta sombra
tem vida.

Solidão é chuva fina em dias de frio,
é observar da vidraça os pingos caindo
até se formarem um rio.

Solidão não tem chão,
não tem fundo,
é buraco profundo
criado no coração.

Solidão é flor sem perfume,
céu sem estrelas,
mar sem ondas,
noite sem luar,
é rastro desmanchado pelo vento
um pássaro que já não pode
mais voar.


Leni Martins

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